O dia de hoje, vai ficar marcado para sempre na história da Associação Desportiva de Lousada. Pela primeira vez em 60 anos de existência, o nosso clube venceu um campeão nacional.
Para além disso, os comandados de António Carvalho conseguem a primeira vitória no campeonato, o que permite igualar o Paredes na penúltima posição da classificação. Numa primeira parte de domínio total dos locais, o Lousada entrou para a etapa complementar de forma transfigurada e realizou uma exibição essencialmente exemplar, na melhor partida da temporada.
A constituição das equipas foi a seguinte:
BOAVISTA FC: Avelino, Ribeiro, Jorge Silva, Jorge Rodrigues, José Carlos, Edu, Pedrosa, Carlos Miguel, André Pereira, Paulo Campos e Fonseca. Suplentes: Nuno, Daniel, Joca, Cadinha, Sérgio, Alex Machado e Nuno Lopes.
Treinador: Jorge Madureira
AD LOUSADA: Orlando, Ricardo Jorge, Simão Coutinho, Couto, Alex, Miguel Moreira, Luís Manuel, Fininho, Sérgio Gameiro, Tonanha e Zé Miguel. Suplentes: Miguel, Daniel Dias, Pisco, Raul, Perry, Rui Lopes e Jorge.
Treinador: António Carvalho
Ainda não havia decorrido o primeiro minuto de jogo e o Lousada criava a primeira ocasião de golo, com Tonanha na direita a colocar em Luís Manuel, na meia-lua á entrada da grande área, para um remate potente ao qual Avelino amarrou com segurança. Volvidos dois minutos, novamente Tonanha a evidenciar-se na partida, ultrapassando três adversários, junto á linha final faz o cruzamento tenso para o interior da grande área, valendo a pronta intervenção do guardião axadrezado.
Com o decorrer da partida, a qualidade de jogo foi diminuindo gradualmente e perto da meia hora de jogo surgiram lances de relevo na partida. Aos 23 minutos, boa jogada colectiva da turma do Bessa, Carlos Miguel coloca na esquerda em André Pereira que remata para uma excelente parada de Orlando. Na resposta, Sérgio Gameiro surge na cara de Avelino, mas não consegue desfeitear o guardião da turma da casa.
Porém, aos 27 minutos, numa falha da defensiva do Lousada, Pedrosa esgueira-se aos centrais lousadenses, aproveita o adiantamento de Orlando e remata em jeito, com a bola a fazer um “chapéu” ao guardião lousadense. Estava aberto o marcador no Estádio do Mar para os locais. Orlando nem esboçou qualquer esforço, limitando-se a ver o esférico a entrar na sua baliza.
Dois minutos depois, Miguel Moreira, á entrada da grande área, toca curto para Fininho rematar forte e rasteiro, com a bola a rasar o poste esquerdo da baliza de Avelino.
Antes do intervalo, o Lousada criou uma oportunidade que podia ter dado o golo ao Lousada, quando aos 44 minutos, Sérgio Gameiro coloca na direita em Tonanha, que cruza para a entrada da pequena área, valendo o corte providencial do capitão Jorge Silva a aliviar o esférico pela linha final.
Após o reatamento da partida, o Lousada entra totalmente galvanizado e com uma atitude de determinação. Aos 47 minutos, Sérgio Gameiro coloca na esquerda em Fininho, que cruza para Zé Miguel desviar com muito perigo. Estava dado o primeiro ensaio para o que viria a passar-se logo no minuto seguinte. Desta feita, o capitão Miguel Moreira faz um passe absolutamente magistral para Fininho colocar rasteiro em Zé Miguel, que num toque subtil, faz o primeiro do Lousada e restabelece a igualdade.
Aos 52 minutos, o árbitro José Rodrigues castiga falta do central Couto sobre um contrário. Na conversão do pontapé livre na esquerda, cobrado por André Pereira para o interior da grande área, eis que surge nas alturas, Jorge Rodrigues a cabecear à barra da baliza de Orlando.
Alguns minutos depois, Jorge Madureira opera duas alterações de imediato, com o objectivo de alterar o rumo dos acontecimentos. Saem Paulo Campos e André Pereira, para as entradas de Cadinha e Nuno Lopes, respectivamente. Era a aposta do técnico boavisteiro, colocando a “carne toda no assador” para chegar ao golo.
O técnico lousadense responde de imediato e lança Rui Lopes para o lugar de Sérgio Gameiro, com a finalidade de refrescar o meio-campo lousadense.
No entanto, aos 64 minutos, surge um dos momentos de maior polémica de toda a partida. Tonanha esgueira-se pela direita e perto da linha de meio-campo, é derrubado por Ribeiro. Para espanto dos presentes, o juiz da partida, sem contemplações, exibe o vermelho directo. Contestação e muita indignação dos adeptos afectos ao clube do Bessa, que se mostram extremamente revoltados com a decisão.
Em inferioridade numérica, o Lousada aproveitou para organizar sucessivas jogadas de contra-ataque e aos 70 minutos, Rui Lopes coloca na esquerda em Fininho que cruza para a grande área, Zé Miguel simula que desvia para enganar o guardião Avelino e no segundo poste, Tonanha fuzila para o segundo tento do Lousada, colocando a formação lousadense, pela primeira vez, na frente do marcador.
Contudo, apesar do Boavista estar com apenas 10 unidades em campo, conseguem restabelecer novamente a igualdade, quando aos 75 minutos, o “mágico” Pedrosa faz um cruzamento milimétrico para Fonseca, que voa para a bola e cabeceia para o fundo da baliza. Explosão nas bancadas, com várias dezenas de adeptos do Boavista a festejar a igualdade. A claque dos locais erguia as suas bandeiras, com cânticos de grande entoação e altivez.
Volvidos quatro minutos, surge mais um momento de enorme contestação por parte dos adeptos boavisteiros, quando aos 79 minutos, Pedrosa, em mais uma jogada de grande recorte técnico, tira alguns adversários do caminho, cruza para a grande área e um elemento da defensiva do Lousada desvia supostamente o esférico com o braço. Os atletas do Boavista exaltam-se, os adeptos aumentam o tom dos insultos em uníssono, reclamando grande penalidade.
E aos 82 minutos, boa jogada de contra-ataque da formação de António Carvalho, no interior da grande área, o defesa Zé Carlos falha a intercepção e Tonanha remata colocado ao poste mais distante, colocando o Lousada novamente na frente do marcador. O avançado lousadense fazia o segundo na sua conta pessoal.
O Boavista responde três minutos depois, em mais uma magnífica jogada individual de Pedrosa pela direita, cruza para o interior da grande área, Nuno Lopes antecipa-se a Simão Coutinho e atira ligeiramente por cima. A equipa da casa continua a pressionar a defensiva lousadense e minutos depois, Alex Machado na esquerda, coloca em Nuno Lopes que estoira para uma portentosa intervenção de Orlando a negar o golo ao Boavista.
Já perto do final da partida, o árbitro concede quatro minutos de compensação, que são disputados em alto risco. O avançado Nuno Lopes volta a estar em evidência ao escapar á marcação da defensiva lousadense, valendo Orlando a sair dos postes e pontapear o esférico. Na resposta, Fininho faz uma incursão percorrendo toda a ala esquerda e perto da grande área, atira cruzado com a bola a tirar tinta ao poste direito da baliza à guarda de Avelino. A dois minutos do apito final, Nuno Lopes reclama que foi derrubado no interior da grande área e nova contestação dos locais á equipa de arbitragem chefiada por José Rodrigues.
DECLARAÇÕES DOS TÉCNICOS:
• NOTA: O técnico Jorge Madureira não esteve disponível para falar à comunicação social, ficando as declarações do presidente do Boavista em representação do clube.
ALVARO BRAGA JUNIOR (PRESIDENTE BOAVISTA FC): “Jogamos mal, o Lousada esteve melhor e encontramos um árbitro que teve uma actuação inqualificável. A somar isto tudo, a derrota está perfeitamente justificada no meu entender e parabéns ao Lousada que esteve muito melhor no jogo do que nós. Eu não “tapo o sol com a peneira”. É evidente que a expulsão me parece ridícula, creio que há uma grande penalidade no mínimo a nosso favor, mas isso são circunstâncias do jogo. A obrigação desta equipa do Boavista, com todo o respeito pela equipa do Lousada, era de ser superior durante os 90 minutos.
Os jogos não duram 45 minutos, duram 90 mais o tempo de compensação que o árbitro entende dar e portanto, temos que nos penalizar a nós próprios e independentemente de alguns erros da arbitragem que nos prejudicaram. Mas antes de tudo o mais, devemos fazer uma auto-critica e perceber que não abordamos bem o jogo como é evidente. Está na altura da equipa “abanar”, vamos com três derrotas consecutivas depois de um período muito bom e naturalmente que tudo isto tem de ter uma explicação e temos que dar a volta por cima. Este clube não se compadece com derrotas consecutivas e como tal, vamos ter que agitar e inverter esta situação. Ainda há muito campeonato, mas qualquer das maneiras, eu penso que a equipa do Boavista tem obrigação de mais e melhor”.
ANTÓNIO CARVALHO (TÉCNICO DO LOUSADA): “Temos vindo a fazer boas exibições, nos últimos três jogos, até ao jogo de hoje, temos feito boas exibições e a nossa grande lacuna tem sido o sector ofensivo. Hoje, foi mais um jogo que conseguimos anular o adversário, que é um crónico do futebol português, que neste caso é o Boavista. Foi a primeira vitória, de facto, mas espero bem que seja a primeira de muitas. Tivemos um campo ao nosso tipo de futebol, ao nosso estilo de jogo, para a nossa filosofia de jogo. Um campo grande, com muita largura, com muito comprimento, que dá perfeitamente para nós explanar-mos o nosso futebol e viu-se o jogo que nós fizemos.
Fizemos três golos, podíamos ter feito mais, fomos uma equipa muito organizada, contra uma equipa do Boavista que sabíamos como funcionava, encaixamos bem no sistema deles e acho que foi uma vitória boa para nós, que derivado ao adversário que é, vai-nos moralizar para o campeonato e se calhar, vai-nos galvanizar para fazer um campeonato condizente com o real valor da nossa equipa. Quero dedicar, acima de tudo, esta vitória ás pessoas que acreditam e confiam em nós. Este campeonato é muito competitivo, mas nós temos que arrepiar caminho, senão criasse um fosso no fundo da tabela e nós queremos sair de lá. Demonstramos hoje com o Boavista e vamos demonstrar acima de tudo, com o Espinho. Vamos trabalhar esta semana para preparar o jogo de Espinho. As pessoas, a direcção e os sócios podem acreditar e convencer-se que vamos fazer tudo para ganhar”.